Faltam palavras pra descrever o amor, a paixão, a ternura e apego que explodem dentro de nós e toma conta da nossa vida pra sempre. Nos apaixonamos e amamos nosso bebê desde que é um grãozinho de arroz, desde o momento em que sabemos que ele está dentro de nós. Mesmo naquele primeiro ultrasom, onde o que vimos aparentemente não passa de um pontinho, mas que já é nosso filho amado!
Os meses passam a inevitavelmente a gente chega na fase de não agüentar mais aquela barriga enorme e pesada. Começamos a desejar o fim daquele momento e o início do outro! Eu, particularmente, nas últimas semanas de gestação, ficava em casa, com minhas meias de compressão, pernas para o ar (literalmente pra cima, de repouso) indo do quarto para a cozinha, e para o sofá, e para o banheiro. Passear era tarefa difícil, já que o peso da pequena estava me matando de cansaço nas pernas. Perdemos a posição para sentar, deitar, dormir e tudo mais. Então, que venha o parto!
Eu ficava tão apreensiva que não via o dia de ter minhas últimas consultas de pré-natal, para o médico finalmente definir a data do parto. Pedi a ele que por misericórdia agendasse uma cesárea, já que não me sentia psicologicamente preparada para um parto normal (que tinha todas as condições para acontecer. Mas o mais legal é que nem o médico podia garantir a data. No fundo, eu sabia que seria no momento certo, aquele que Deus determinou e escolheu para a chegada da Maria Júlia.
Durante semanas minha mala da maternidade já estava pronta, junto com a da Jú e do Jô. Passava por ela todos os dias e olhava com carinho e frio na barriga! Pensava que a qualquer momento poderia pegar essas malas e sair correndo! Isso é o que mata as mais ansiosas como eu, por exemplo!
Finalmente, no último ultrasom, o doutor definiu o dia 26 de fevereiro de 2008, uma terça-feira. Minha pequena estava acima da expectativa quanto ao peso e tamanho. Isso explicava o tamanho da minha barriguinha!
Como queria ir toda arrumadinha para a maternidade, marquei unha, cabelo e afins para 1 dia antes... e adivinha o que aconteceu?? Papai do Céu tinha escolhido outro dia!
Na noite de 24 de fevereiro, domingo, pela primeira vez na VIDA poderia assistir ao Oscar, pela TV. Finalmente não tinha que trabalhar no dia seguinte, então estava disposta a apreciar o cinema! Foi quando comecei a sentir contrações... que ficavam mais intensas, acompanhadas de uma leve cólica, e cada vez em menor intervalo de tempo. Comecei a estranhar, pois estava diferente!
Foi quando notei uma discreta manchinha de sangue ao ir ao banheiro...
Chamei o Jo apressadamente, e fiquei com cara de “foto” olhando pra ele.
Quem conhece o Jo, sabe que a primeira reação dele foi tentar me acalmar, e como bom papai em preparo durante todos os meses da gestação, munido de todas as literaturas possíveis, já sabia até o que estava acontecendo!
Ligamos para o médico, que disse que ainda havia tempo... para eu me tranqüilizar, tomar remédio para a cólica, e ir na manhã seguinte para a maternidade. ATÉ PARECE QUE EU IA CONSEGUIR DORMIR COM AQUELA INFORMAÇÃO TODAAAA!
Mais do que depressa, falei pro Jo que preferia ir naquele momento ser examinada, mesmo que tivéssemos que voltar para casa com cara de bobos!
As contrações seguiam, a cada 5 ou 6 minutos. Fiquei monitorando durante 1 hora e senti, no coração e no ventre que o momento era chegado!
Pegamos as malas, prontas há semanas (!!) e saímos de casa, quase às 23h00, felizes, estupefatos, ansiosos e tudo mais! E o Oscar ficou para 2009!
Chegando à maternidade, fui atendida no pronto socorro.... pressão altíssima (de nervoso!), mas o restante tudo perfeito. Batimentos cardíacos da pequena, contrações, dilatação etc. Acertei, porque realmente já estava em trabalho de parto.
Foi uma das noites mais longas da minha vida! Vi todos os segundos se passando no relógio pendurado na parede... contração uma atrás da outra, mas as dores não pioraram porque eu estava medicada. O médico passou todas as instruções para que o parto acontecesse às 6h00 do dia 25/02.
Chegou o momento. O Jo passou a noite toda ao meu lado, me beijando, tentando me acalmar, orando comigo... antes das 06h00 ouvi a voz da minha mãe e da minha irmã tentando invadir o quarto onde eu estava, mas era área restrita! Como foi gostoso saber que eles estavam lá... meus pais, irmã e minha avó querida. O restante da família torceu à distância!
Meu médico e a anestesista passaram no quarto para conversar comigo e logo me encaminharam para o centro cirúrgico.
Muitas pessoas das equipes estavam lá; isso nos dá uma segurança bacana!
Eu tinha muito medo da anestesia... acho que é o que assusta a maioria das pessoas! Não da dor ou da aplicação em si, mas medo de algum efeito ruim que ela pudesse provocar. Tudo correu bem, apesar de que a sensação de não sentir as pernas é bem ruim! Só uma picadinha na coluna, quase imperceptível.
Logo o parto começou. Bom, vou pular a parte das emoções todas porque é em vão tentar explicar! A retirada do bebê é bastante rápida e sentimos os movimentos dos médicos puxando a criança! Ao ouvir aquele choro, todos dizendo do outro lado do avental que ela é linda, nasceu, o pai babando e tirando foto, chorei de alegria, grata a Deus por aquele momento fantástico que estávamos vivendo.
Quando colocaram a Maria Júlia nos meus braços, olhei pra ela e disse: “filha, você é bem-vinda, que Deus te abençoe, amamos tanto você”...
Então, nossos pequenos roubam a cena! Ficamos atentas aos relatos da equipe de pediatria neonatal, simplesmente ignoramos que nosso ventre está literalmente aberto, anestesiadas, passadas e queremos apenas saber do bem estar dos pequenos!
Para minha alegria e alivio as notinhas do teste de Apgar da Júlia não poderiam ter sido melhores: 9,5 no primeiro minuto de vida e 10,0 aos 5 minutos. Avaliação da respiração, batimentos cardíacos, reflexos, musculatura e cor da pele.
(Para maiores informações sobre o bebê e a mamãe após o parto, acesse o link
http://www.ebb.com.br/mostrar_gestantes.php?ref=14 )
E então, levam nosso bebê pra conhecer a família, o pai vai junto, a equipe some do centro cirúrgico e ficamos como quem chega a um fim de festa, sozinhas e cansadas, com o médico suturando nosso ventre por alguns bons minutos! Mas é tudo lindo e vale a pena! Imaginamos a festa lá fora, os avós, a tia e a bisa babando junto com o papai!
Fui para a RPA (recuperação pós-anestésica), onde somos medicadas, acompanhadas com monitoramento de pressão arterial e quando voltamos a mexer a perna (uuuffffaaaaaa), podemos ir para nosso quarto! O tempo de retorno varia de pessoa para pessoa, mas em aproximadamente 3 ou 4 horas já temos nossas pernas de volta!
As dores são suportáveis. Há quem diga que não sentiu dor alguma após o parto; só aquela sensação diferente de barriga vazia e vários quilos a menos de um segundo para o outro! É um alívio!
Minha recuperação foi muito tranqüila. Depois que voltei para casa, sinceramente não me lembro de ter tomado analgésicos; talvez 1 ou 2 dias apenas. Não posso reclamar de dor. Apenas o incômodo da cirurgia, mas que logo esquecemos, por 2 motivos: felicidade e falta de tempo para pensar na dor!
Algumas mulheres têm reações à anestesia, que é associada à morfina para diminuir a dor do pós-parto. Eu senti calafrios! Tremia muito e sabia que era reação da anestesia. E algumas horas após o parto, muita coceira (engraçado né?), também reação que é controlada com medicações e logo passa. Há mulheres que não sentem nada!
Até mesmo durante a cirurgia, algumas mulheres têm medo de sentir dor (impossível). Não se sente nada além de alegria! Até para as mais medrosas é um momento fascinante!
Para encerrar este capítulo, gostaria de ressaltar que Deus cuida das grávidas em dobro! Literalmente! Sentia o carinho de Deus sobre minha vida, me capacitando e renovando a cada dia.
Somente a Deus toda glória! Ao autor da nossa vida, nossa eterna gratidão!
“Quando uma mulher está para dar à luz, ela fica triste porque chegou sua hora de sofrer. Mas depois que a criança nasce, a mulher fica tão alegre, que nem se lembra mais do seu sofrimento” João 16:21