"Baby blues" ou "blues" pós-parto


“Baby blues“ é definido como um conjunto de variações emocionais, psicológicas, hormonais e físicas sofridas pela mulher nos momentos seguintes ao parto.


Alguns dizem que é uma reação normal em resposta às alterações drásticas (biológicas) que a mulher vive após a experiência do nascimento do filho.


Eu tentava imaginar como seria isso, já que é um quadro normal em quase 100% das mulheres. Na verdade, temia a depressão pós-parto, que é um quadro mais severo do que o “blues”.
Meu momento de descobrir as sensações era chegado!


De fato, mesmo antes de sair da maternidade já sentia um misto de medo, insegurança e incapacidade de voltar para casa para lidar com a pequena e toda a novidade que o nascimento dela trouxe!


Logo me tornei a maior “chorona” de todos os tempos! Uma sensibilidade incrível aflorou em mim... me emocionava facilmente com qualquer informação!! A lembrança de uma letra bonita de música era suficiente para inundar o ambiente onde eu estivesse! Mas era uma sensação gostosa, de amor profundo e sofredor pela minha pequena!


Segui chorando por dias; engraçado, mas era um choro de alegria e emoção, não de tristeza! Mas isso se intercalava com cansaço, falta de sono adequado e MUITA irritação às vezes...


Como conversei muito com o Jô a respeito de todas essas coisas, ele já estava preparado para lidar com a situação, e acima de tudo, ter muita paciência!


Mas passa! Minha choradeira durou cerca de 15 dias e foi embora como se nada tivesse acontecido! Provavelmente o tempo que os hormônios levaram para se estabilizar, adaptação à nova rotina e um pouco mais de segurança nas tarefas de nova mãe!


Porém em meio às lágrimas, algumas coisas me marcaram!


Nos primeiros dias, minha mente buscou lá no fundo do baú uma música do Queen. Coisas da complexa mente humana!

“I was born to Love you
With every single beat of my heart
I was born to take care of you
Every single day of my life”


Identifiquei-me tanto com a letra dessa música, como se ela tivesse sido composta para mim naquele momento. Só o fato de lembrar a letra me fazia chorar, onde estivesse, em qualquer momento! E certamente, foram muitas às vezes que tive que dar explicações das minhas lágrimas de emoção e alegria.

Não se preocupe se passar por isso. É normal!


Saí de casa pela primeira vez depois que a Júlia nasceu para ir ao médico “tirar os pontos” (não havia pontos!). O consultório fica a 5 minutos de casa, bem perto. Antes de chegar lá com o Jô, já estava chorando de saudade da Maria Júlia, que havia ficado com minha mãe. Voltei da consulta aos prantos, abalada pela certeza de que não conseguiria mais viver longe da minha filha! E na sala de espera do consultório, outra música quase me mata de chorar. Tive que correr para o banheiro!

“Eu não existo longe de você, a solidão é meu pior castigo; eu conto as horas pra poder te ver, mas o relógio tá de mal comigo... futebol sem bola, Piu-Piu sem Frajola, sou eu assim sem você.....” e assim vai!


Ainda hoje ao lembrar, contenho as lágrimas!

Li algo muito bacana sobre o “blues”... “Alguns autores vêem no blues uma resposta emocional adequada e importante para a sobrevivência da espécie, dado que facilita a aproximação da mãe ao bebê... considerado um aumento da reatividade emocional aos estímulos... que promove a ligação mãe-bebê após o parto” (leia na íntegra o artigo sobre Blues no link http://csfeira.blogspot.com/2007/12/baby-blues-blues-ps-parto.html)


De fato, é tudo tão intenso, especial e importante que descobrimos porque o “cordão umbilical emocional” permanece para sempre ligado! (Meus pais que o digam!).